Desde que os artistas entenderam a importância do diálogo, obra de arte e observador, os movimentos artísticos sucedem-se na história tentando alcançar um clímax que denomino de “a obra completa”, ou seja, quando o observador para em frente à obra e sente, pensa, ignora, ou ‘completa’, só nesse momento é que a obra se conclui. Ideia que permeou vários movimentos da história da arte e é intrínseca a arte contemporânea. A obra completa, quase acontece com Kazimir Malevich e seu suprematismo, (branco sobre branco), com Joseph Beyus e suas esculturas e performances com graxa e animais vivos, ou Marcel Duchamp com seus ready mades. Hoje, a obra completa, é perseguida incessantemente nas happness, na arte conceitual e nas instalações contemporâneas. Sem as parafernálias tecnológicas, usando a linguagem gráfica, mais especificamente o cartum, Rafael Sica chega lá. Com tiras de humor mudo e instigante, o artista consegue passar uma mensagem explícita e ao mesmo tempo dúbia, ocasionando um leque de interpretações a quem as observa. Interpretações que na maioria diferem da intenção original do autor, mas nem por isso deixam de fazer nexo à obra. Sendo assim, o artista consegue o que há muito vem se tentando, o acabamento da obra através do pensamento do observador, ou seja, Sica atingiu a "obra aberta/completa".
Eduardo Simch
1997
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